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Episódio da série Desmistificando as Finanças Corporativas

Episódio da série Desmistificando as Finanças Corporativas

À medida que prosseguimos em nossa jornada de desmistificação das finanças (ver episódios anteriores nos links no final deste artigo) com base no livro “How Finance Works” de Mihir Desai, chegamos ao segundo capítulo, onde a perspectiva financeira é ampliada. Após explorarmos os fundamentos das demonstrações contábeis no capítulo inicial, este novo artigo busca conectar essas bases com os conceitos avançados que moldam a análise financeira moderna. Desai enfatiza princípios fundamentais que reorientam nossa visão: a importância do caixa sobre os lucros e a valorização do futuro em detrimento do presente. Esses conceitos nos desafiam a repensar as métricas tradicionais de sucesso e a priorizar estratégias que garantam sustentabilidade e crescimento a longo prazo.

 

Os Princípios Fundadores da Análise Financeira Segundo Desai

No segundo capítulo de “How Finance Works”, Mihir Desai nos orienta sobre a importância de equilibrar lucros e geração de caixa, destacando que “o caixa importa mais que os lucros; e o futuro importa mais que o presente”, não como uma desvalorização dos lucros, mas como uma estratégia para garantir a sustentabilidade dos negócios a longo prazo. Este princípio reforça a ideia de que, embora os lucros sejam indicadores cruciais de sucesso, a gestão eficaz do caixa e um planejamento voltado para o futuro são fundamentais para a continuidade e crescimento sustentável da empresa. Desai propõe uma hierarquia na qual o caixa e a visão de longo prazo são colocados acima dos lucros imediatos, incentivando gestores a desenvolver estratégias que assegurem a estabilidade financeira e a capacidade de investimento, essenciais para a adaptação e inovação contínuas no ambiente de negócios dinâmico de hoje.

 

EBIT, EBITDA e a Conexão com o Fluxo de Caixa: Uma Perspectiva Essencial

Ao avançarmos em nossa série, chegamos a um ponto crucial: a compreensão dos indicadores EBIT (Lucro Antes dos Juros e Impostos) e EBITDA (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), e como eles se relacionam com o fluxo de caixa dentro da estrutura da contabilidade de competência e de caixa. O EBIT e o EBITDA são métricas fundamentais derivadas do princípio da contabilidade de competência, que registra receitas e despesas no momento em que elas ocorrem, independentemente do movimento de caixa. Isso nos ajuda a entender a verdadeira performance operacional da empresa, desconsiderando os efeitos de sua estrutura de capital e decisões fiscais.

Por exemplo, uma empresa que realiza uma venda de R$100.000 com custos de R$60.000 e despesas operacionais de R$20.000 terá um EBIT de R$20.000. Se adicionarmos de volta despesas não-caixa, como depreciação de R$5.000, o EBITDA seria de R$25.000. Estes números revelam a capacidade operacional da empresa de gerar caixa, antes de quaisquer efeitos financeiros e fiscais.

Contudo, o fluxo de caixa disponível é, em última análise, o que possibilita à empresa financiar suas operações, investimentos e retornar valor aos acionistas. A demonstração de fluxo de caixa, dividida em atividades operacionais, de investimento e de financiamento, mostra o verdadeiro movimento de caixa, destacando a capacidade da empresa de gerar caixa líquido. A análise do EBITDA ajuda a prever a geração de caixa operacional, mas é o fluxo de caixa que confirma essa capacidade, enfatizando a importância de avaliar ambos os indicadores para uma compreensão holística da saúde financeira da empresa.

Agora, avançaremos para o quarto item do artigo, focando no conceito de capital de giro e sua importância para a sustentabilidade e fluidez operacional das empresas, além de explorar as diferenças na gestão desse capital entre diferentes setores da economia.

 

Capital de Giro: Pilar da Operacionalidade e Sustentabilidade Empresarial

O capital de giro é uma peça-chave na manutenção da saúde financeira e operacional de qualquer empresa. Representa os recursos líquidos disponíveis para as operações diárias, sendo a diferença entre os ativos circulantes (como caixa, estoques e contas a receber) e os passivos circulantes (como fornecedores e empréstimos de curto prazo). Uma gestão eficaz do capital de giro assegura que a empresa possua a liquidez necessária para cumprir suas obrigações e investir em oportunidades de crescimento.

A relevância do capital de giro varia significativamente entre os setores. No setor de Serviços, por exemplo, a ênfase pode estar nas contas a receber, refletindo a natureza do ciclo de caixa que tende a ser mais curto. Já no Varejo, o foco está no estoque e na sua rápida conversão em vendas e caixa, crucial para a liquidez. Por fim, na Indústria, o capital de giro precisa contemplar um ciclo operacional mais longo, com atenção especial para estoques de matérias-primas e produtos acabados, além das contas a receber.

Entender e adaptar a gestão do capital de giro conforme as especificidades do setor é vital para a sustentabilidade e o crescimento empresarial. Empresas que otimizam seu capital de giro podem não apenas enfrentar desafios operacionais e financeiros mais facilmente, mas também se posicionar estrategicamente para aproveitar novas oportunidades de mercado.

 

Conclusão e Convite à Jornada Contínua

Ao longo desta série de artigos, estamos explorando conceitos fundamentais da análise financeira, desde a importância de entender as demonstrações contábeis até a relevância do capital de giro e a análise do fluxo de caixa. A visão de Mihir Desai, que coloca o caixa e o planejamento para o futuro acima dos lucros imediatos, nos desafia a adotar uma perspectiva financeira mais sustentável e estratégica.

Este é apenas o começo de uma jornada de descobertas no universo das finanças corporativas. Convidamos você a continuar conosco, explorando novos conceitos e aplicando esses conhecimentos na prática. Compartilhe este artigo com colegas e parceiros que também se beneficiarão dessa visão ampliada das finanças, fortalecendo estratégias de negócios para um futuro sustentável e próspero.

Leia os artigos anteriores nos links abaixo:

DESVENDANDO A ANÁLISE FINANCEIRA: UMA LINGUAGEM UNIVERSAL NOS NEGÓCIOS – https://www.eduwork.com.br/blog/desvendando-a-analise-financeira-uma-linguagem-universal-nos-negocios/

A ARTE DA ANÁLISE FINANCEIRA: DOMINANDO AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA O SUCESSO EMPRESARIAL – https://www.eduwork.com.br/blog/a-arte-da-analise-financeira-dominando-as-demonstracoes-contabeis-para-o-sucesso-empresarial/